De olhos e ouvidos bem atentos, dezenas de servidores participaram na terça-feira (27) de uma roda de debate sobre Liderança Feminina promovida pela Escola de Serviço Público do Espírito Santo (Esesp). Promovido para celebrar o mês das mulheres, o evento colocou em discussão as vitórias conquistadas por elas após anos de luta e as dificuldades que ainda enfrentam na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

A ideia do evento, explicou a diretora-presidente da Escola de Governo, Dângela Bertoldi, foi trazer profissionais de diferentes áreas de atuação para falar sobre como suas trajetórias de sucesso em espaços que, com grande frequência, são ocupados majoritariamente por homens ou sofrem com a forte influência masculina. “Um dos nossos objetivos é inspirar outras mulheres a também ocupar novos espaços”, pontuou.

A primeira convidada a falar foi a professora universitária Cláudia Murta. Doutora em Filosofia pela Universidade de Paris, ela apresentou o seu objeto de estudo ao público presente: o lugar próprio da mulher. Cláudia também compartilhou as dificuldades e as motivações que as fizeram dar continuidade aos seus estudos – tarefa que demandou muito tempo e esforço –, mesmo ocupando outras funções importantes, como o papel de mãe.

A campeã mundial de bodyboard Neymara Carvalho também esteve entre as convidadas. No esporte, ela destacou as barreiras enfrentadas no início dessa caminhada, como o medo do pai em relação às escolhas da filha e a necessidade de competir com homens. “Quando comecei, nós não tínhamos uma categoria feminina, essa não era uma profissão de mulher”, contou. “Então passei a disputar com os homens, e cheguei a liderar. Só aí reconheceram a necessidade de também termos o nosso espaço”, relembrou.

A secretária de Estado de Governo do Espírito Santo, Angela Silvares, relembrou sua trajetória no serviço público. “Comecei minha carreira como professora, mas digo que como servidora pública que eu me encontrei, e é isso que eu amo”, relatou.  Ela também falou sobre a árdua missão de dividir a vida profissional com e de mulher e mãe. “Mesmo sendo difícil, eu sempre tentei conciliar todas as minhas tarefas da melhor maneira possível. Posso dizer que os desafios nunca me fizeram desistir, pois sempre fui movida pela vontade de vencer”.

Já a diretora-presidente da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Accaci), Regina Murad, levou uma reflexão sobre as diferentes gerações. Com 57 anos ininterruptos de carreira, Regina lembrou que a maior parte do incentivo veio de dentro de casa, mesmo em uma época em que a sociedade limitava ainda mais as atividades que as mulheres podiam exercer. “Minha mãe e meu pai foram pessoas com a cabeça muito a frente do seu tempo, que ensinaram a liberdade aos filhos sem nenhuma distinção”, relatou.

Por fim, a empresária do ramo de produtos capilares Zilma Bauer falou sobre como é assumir tal função de liderar equipes na busca de resultados sempre positivos. Do sonho de criança em ser dona do próprio negócio à dificuldade em estudar na adolescência por ser mulher, ela disse que o combustível que a fez seguir foi o desejo de fazer mais. “Eu acredito que os sonhos movem o mundo, e sem eles a gente não chega a lugar nenhum”, concluiu.

A roda de conversa faz parte das atividades previstas pela Esesp, dentro do programa Mesa de Diálogos, que tem o intuito de levar para discussão temas importantes da sociedade e do serviço público de forma colaborativa.